DESEMPENHO NOS NEGÓCIOS
Conjuntura e perspectivas setoriais
Embora o Brasil tenha registrado em 2011 PIB (Produto Interno Bruto), inferior à previsão, o desempenho econômico do País ficou acima do verificado na Zona do Euro e em países como EUA e Japão. Tal fato demonstra a crescente capacidade do País de se proteger de choques econômicos externos e crescer, a despeito da crise internacional.
O consistente otimismo vivido no Brasil nos últimos anos, e que se projeta para os próximos, está diretamente relacionado ao chamado bônus demográfico. Em síntese, trata-se de um período no qual a população economicamente ativa supera largamente a de dependentes, composta por idosos e crianças. Para se ter uma ideia, atualmente o País conta com dois trabalhadores para cada um desses dependentes. De acordo com especialistas, o bônus demográfico é a condição ideal para o desenvolvimento de uma economia.
Contudo, para que essa condição se traduza em resultados efetivos, é preciso investir consistentemente em infraestrutura e educação de forma a confirmar o Brasil em seu papel de destaque mundial. Atenuados esses desafios e considerando-se a estimativa de que nos próximos 20 anos o País terá uma maior concentração de pessoas na faixa etária entre 15 e 60 anos, que, com mais emprego e o suprimento de suas necessidades mais básicas, conseguirão conquistar um patrimônio maior, projeta-se para o mercado segurador um cenário de maiores oportunidades de crescimento.
A penetração de seguros no Brasil ainda é baixa. Hoje, em média, apenas 33% da frota brasileira de automóveis são segurados. Os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro são os mais amadurecidos, mas mesmo neles há espaços para crescer. Nesse sentido, ainda há pontos que as seguradoras precisam aperfeiçoar. Um dos mais relevantes é observar a ascendência da classe C e a importância que esta vem adquirindo e criar produtos e formas de pagamento acessíveis aos segmentos de renda menos favorecidos. Paralelamente, é necessário considerar os efeitos da degradação ambiental, que, já mais intensos em algumas regiões, estão afetando cálculos, sinistros e prêmios. É preciso, também, reforçar no País a importância do seguro para a proteção de bens e entes queridos.
A despeito desses obstáculos, estima-se que os seguros para automóveis, que estão entre os mais populares no Brasil, devam crescer entre 11% e 9% ao ano até 2013. O salto entre os seguros de vida e acidentes pessoais deve ficar entre 11% e 9% anualmente nesse mesmo período. Para produtos de previdência, foi calculada uma média de 10% ao ano até 2013, o que vai depender do aumento da conscientização da população, que ainda não enxerga previdência como prioridade. Também a depender da conscientização, a média de crescimento ao ano calculada para os seguros patrimoniais em geral é de 7% nesse mesmo período.
No Brasil, o seguro de transporte é obrigatório, porém, calcula-se que mais de 50% das transportadoras ou 50% das cargas transportadas não cumpram a exigência em decorrência, basicamente, de fiscalização ineficiente. Acredita-se, contudo, em reversão desse cenário em virtude de uma maior profissionalização e de mais exigências por parte do mercado. O incremento anual até 2013 pode ficar entre 5 a 7%. Seguros para grandes riscos e de garantia têm grande potencial – com salto previsto entre 20% e 40% anualmente, entre 2012 e 2013 – devido à Copa do Mundo de Futebol e às Olimpíadas. O seguro rural deve avançar entre 12% e 20% ao ano até 2013 em função do fortalecimento do Brasil como um grande produtor mundial de alimentos e bioenergia.
Entretanto, para que essas expectativas realmente se realizem, os prognósticos de desempenho econômico e o bônus demográfico devem se concretizar. O Brasil precisa continuar evoluindo e ampliando a renda da população e o mercado segurador, especificamente, deve buscar regras e resoluções que permitam o desenvolvimento de produtos capazes de atingir públicos cada vez maiores, de diversos nichos e segmentos de renda. Também é necessário disseminar a cultura do seguro, tanto nos principais centros urbanos como em regiões menos centrais. Dessa forma, as previsões para os anos posteriores devem seguir no mesmo ritmo otimista.